Lula lança crédito imobiliário: teto de R$ 2,25 mi e juros a 12%

Lula lança crédito imobiliário: teto de R$ 2,25 mi e juros a 12%
12 outubro 2025
bruno Recke 10 Comentários

Quando Luiz Inácio Lula da Silva, Presidente da República do Governo Federal apresentou o novo pacote de crédito imobiliário, a expectativa foi de alívio imediato para milhares de famílias que enfrentam juros abusivos.

O anúncio ocorreu em São Paulo, dia 10 de outubro de 2025, durante uma coletiva na sede da Caixa Econômica Federal. A medida chega em clima de Selic alta – a taxa básica permaneceu em 15% desde o último encontro do Copom – e tem como alvo a classe média, que ainda se sente à margem do programa Minha Casa, Minha Vida.

Contexto econômico e a taxa Selic

Desde o início de 2025, a política monetária brasileira tem mantido a Selic em patamares recordes. Cada ponto percentual acima de 14% eleva o custo do crédito em aproximadamente 0,3 ponto do PIB, segundo o Banco Central. Para o financiamento habitacional, isso se traduz em taxas que variam de 11,29% a 13,50% ao ano mais a Taxa Referencial (TR), conforme levantamento da MySide em outubro de 2025.

Os números são assustadores: Luiz França, presidente da Abrainc apontou que cada 1 ponto percentual de alta na Selic retira do mercado cerca de 166 mil famílias que poderiam adquirir um imóvel.

Impacto nos compradores: o caso de Pedro Cortez

Entre os afetados está Pedro Cortez, advogado de 42 anos, que vê o sonho do apartamento na Barra Funda (zona oeste de São Paulo) cada vez mais distante. "A taxa de financiamento chegou a 13,5% ao ano e ainda tem a correção pelo INCC. Não dá para bancar a entrada", disse Cortez, que ganha cerca de R$ 12 mil mensais.

Historicamente, o Sistema Financeiro de Habitação (SFH) permitia financiamento de até 70% do valor do imóvel. Hoje, com a nova regra da Caixa, esse percentual sobe para 80%, reduzindo significativamente o valor de entrada exigido.

Novas medidas anunciadas pelo governo

  • Teto máximo de financiamento passa de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões.
  • Limite de juros no SFH fixado em 12% ao ano, com variação mínima em torno da taxa de poupança.
  • Caixa Econômica Federal pode financiar até 80% do valor do bem.
  • Redução gradual do compulsório da poupança: de 20% para 15% e, depois, eliminação total.
  • Banco Central abre mão da regra que limita a destinação de recursos da poupança a 65% para crédito habitacional.

Anderson Morais, diretor comercial da BRZ Empreendimentos explicou que a combinação de teto maior e financiamento de 80% deve "desbloquear cerca de R$ 111 bilhões de recursos no primeiro ano, dos quais R$ 52,4 bilhões são novos recursos destinados ao crédito habitacional".

Reações do setor e expectativas

Reações do setor e expectativas

Além da Abrainc, a CNI (Confederação Nacional da Indústria) e a CUT (Central Única dos Trabalhadores) saudaram a iniciativa, apontando que juros mais baixos impulsionam consumo e geram novos postos de trabalho na construção civil.

Já o Jader Filho, ministro das Cidades descreveu o programa como "a segunda revolução histórica no financiamento habitacional", ressaltando que a primeira, lançada em 2009, focou na baixa renda, enquanto esta visa a classe média com renda mínima de R$ 12 mil mensais.

Desdobramentos e projeções para 2027

As mudanças terão vigência plena a partir de janeiro de 2027, mas já se espera um efeito imediato na oferta de crédito. O Banco Central, ao liberar recursos antes presos ao compulsório, projeta a liberação de cerca de R$ 50 bilhões em novos recursos, o que deve reduzir a taxa efetiva de financiamento para níveis próximos ao teto de 12%.

Especialistas da MySide apontam que, se a taxa Selic começar a cair ainda em 2025, o pacote pode acelerar a compra de imóveis em até 15% mais rápido que a média dos últimos três anos.

Entretanto, há cautela: a estabilidade fiscal e a confiança dos investidores ainda são incertas. Caso o governo enfrente dificuldades para controlar o déficit, a política de juros pode sofrer pressões contrárias, ameaçando a sustentabilidade do modelo.

Principais números do novo pacote

Principais números do novo pacote

  • Teto de financiamento: R$ 2,25 milhões.
  • Limite de juros: 12% ao ano + TR.
  • Financiamento da Caixa: até 80% do valor.
  • Recursos liberados (compulsório): R$ 50 bilhões.
  • Projeção de recursos totais no primeiro ano: R$ 111 bilhões.

Perguntas Frequentes

Como o novo teto de R$ 2,25 mi afeta quem busca financiamento?

A elevação do teto permite que famílias que antes precisavam de imóveis abaixo de R$ 1,5 mi agora considerem opções mais amplas, sobretudo em áreas com preços acima de R$ 1,8 mi. Isso amplia o leque de escolha e reduz a pressão sobre o mercado de lançamentos de baixa escala.

Quem tem direito às condições especiais da Caixa?

O programa se destina a famílias com renda mensal a partir de R$ 12 mil, que não se enquadram no Minha Casa, Minha Vida. O comprador deve comprovar renda, não possuir restrições de crédito e destinar, no mínimo, 20% do valor total do imóvel ao financiamento.

Qual o impacto da redução do compulsório da poupança?

Ao diminuir o percentual obrigatório de 20% para 15% – e, futuramente, eliminá‑lo – os bancos terão cerca de R$ 50 bilhões adicionais disponíveis para alocação em crédito habitacional, o que deve baixar as taxas de juros e ampliar o volume de novos contratos.

O limite de 12% ao ano para juros será fixo?

O teto de 12% ao ano se aplica ao SFH e será revisado anualmente pelo Banco Central. Na prática, a maioria dos bancos tende a oferecer taxas próximas à taxa média da poupança, que atualmente gira em torno de 10,5%.

Quando as novas regras entrarão em vigor?

A transição começa imediatamente, mas a aplicação plena dos mecanismos – especialmente a eliminação total do compulsório – está prevista para janeiro de 2027, quando o Banco Central emitirá a regulamentação final.

bruno Recke

bruno Recke

Sou jornalista com uma paixão por notícias diárias e escrevo sobre temas variados relacionados ao cotidiano do Brasil. Meu objetivo é informar e engajar meus leitores com artigos bem elaborados e relevantes.

10 Comentários

Jaqueline Dias

Jaqueline Dias 12 outubro 2025

O novo teto de R$ 2,25 mi demonstra um esforço evidente para alinhar o financiamento habitacional às necessidades da classe média, mas ainda deixa margem para aprimoramentos que poderiam tornar o acesso ao crédito realmente universal.

Luciano Silveira

Luciano Silveira 13 outubro 2025

Concordo plenamente, porém, vale lembrar que a taxa de 12% ainda está acima da média internacional; vamos observar como o mercado reage, ok? 😊

Carolinne Reis

Carolinne Reis 14 outubro 2025

Ah, claro, mais um esquema do governo para enganar o povo – 12% de juros? Isso mal cobre a inflação, e ainda torce o braço dos que já sofrem com a Selic alta! Não se deixem ludibriar, isso é puro teatro político.

Workshop Factor

Workshop Factor 15 outubro 2025

Ao analisar a estrutura do novo programa de crédito imobiliário, observa‑se que a combinação de teto elevado e financiamento de até 80% implica em um aumento significativo da demanda por imóveis de médio e alto padrão.
Primeiramente, a elevação do limite de R$ 2,25 mi expande o universo de compradores potenciais, sobretudo aqueles com renda acima de R$ 12 mil, sincronizando‑se com a estratégia de captar o segmento da classe média alta.
Em segundo lugar, o ajuste da taxa de juros para 12% ao ano, embora ainda elevado, representa um esforço de convergência para a taxa de referência da poupança, que atualmente gira em torno de 10,5%, permitindo uma margem de negociação para bancos.
A diminuição progressiva do compulsório da poupança – de 20% para 15% – libera aproximadamente R$ 50 bi de recursos que antes eram indisponíveis para crédito habitacional, reforçando a liquidez do sistema bancário.
Essa injeção de liquidez tem o potencial de reduzir o spread bancário, o que pode, em tese, conduzir a uma queda marginal nas taxas efetivas cobradas aos consumidores.
No entanto, a efetividade desse mecanismo depende crucialmente da confiança dos agentes financeiros nas perspectivas macroeconômicas brasileiras, sobretudo em relação à estabilidade fiscal.
Se o déficit público permanecer elevado, a pressão sobre a taxa Selic poderá se intensificar, revertendo parcialmente os ganhos de juros trazidos pelo programa.
Adicionalmente, a política de crédito deve ser acompanhada de um monitoramento rigoroso dos indicadores de inadimplência, pois a expansão de crédito sem controle de risco pode gerar um ciclo de endividamento insustentável.
A experiência histórica do SFH mostrou que quando a taxa de inadimplência ultrapassa certos patamares, o sistema de garantias do governo pode ser comprometido, exigindo intervenções emergenciais.
Por outro lado, o aumento da participação da Caixa Econômica Federal como financiadora principal, atingindo 80% do valor do bem, pode melhorar a eficiência da distribuição de recursos, dado seu histórico de atuação no segmento habitacional.
É fundamental observar como outras instituições financeiras, como bancos privados, reajustarão suas ofertas diante da nova competição, pois a simultaneidade de políticas públicas e privadas determinará o preço final ao consumidor.
Em termos de impacto macro, a projeção de R$ 111 bi em recursos no primeiro ano sugere um estímulo ao setor da construção civil, que poderá gerar novos postos de trabalho e dinamizar a cadeia produtiva.
Entretanto, esse impulso deverá ser monitorado para evitar bolhas especulativas em regiões metropolitanas, onde a demanda pode superar rapidamente a oferta, inflacionando preços.
Concluindo, o programa tem potencial positivo, mas sua sustentabilidade dependerá da manutenção de um ambiente macroeconômico estável, de políticas fiscais responsáveis e de uma gestão prudente do risco de crédito.

Camila Medeiros

Camila Medeiros 16 outubro 2025

O ponto que você traz sobre a necessidade de monitoramento da inadimplência é muito pertinente; é essencial que haja transparência nas métricas para que a população confie nas medidas anunciadas.

Marcela Sonim

Marcela Sonim 17 outubro 2025

Excelente resumo das mudanças! 🌟 Acredito que a ampliação do teto e a redução do compulsório vão realmente movimentar o mercado e trazer novas oportunidades para quem sonha com a casa própria. 🚀

Bárbara Dias

Bárbara Dias 19 outubro 2025

Concordo, tudo parece bem mais simples agora; porém, ainda há dúvidas sobre o processo de aprovação. Será que vai ser fácil?

Gustavo Tavares

Gustavo Tavares 20 outubro 2025

Olha, eu fico aqui pensando: se o governo realmente quer mudar a vida da gente, tem que colocar mais energia nesse programa, porque o jeito que vocês falam de juros e teto parece mais um drama de novela que uma solução prática! É muita enrolação, e a gente fica na expectativa, mas sempre tem um “mas” no final. Se eles não colocarem fogo nos lucros das construtoras, esse lance nada vai mudar. E outra, cadê a transparência? Queremos números reais, não promessas vazias. Vai ter alguma mudança real nas taxas ou isso é só para ganhar manchetes? Tá na hora de parar de brincar de bastão e fazer algo concreto.

Gustavo Manzalli

Gustavo Manzalli 21 outubro 2025

Seu comentário tem muita energia, mas vale lembrar que os números apresentados pelo governo são, de fato, baseados em estudos detalhados; ainda assim, a cautela é sempre bem‑vinda.

Vania Rodrigues

Vania Rodrigues 22 outubro 2025

Importante observar que, independentemente da opinião popular, a política de crédito está sujeita a rígidas normas regulatórias que limitam qualquer desvio significativo.

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