Quando Jair Bolsonaro sugeriu a candidatura de Marco Antônio Costa ao Senado por Minas Gerais, o clima entre os dirigentes estaduais do PL ficou pesado. Costa, mais conhecido como 'Superman da Jovem Pan', chegou ao estado transferindo domicílio para Lagoa Santa. A reação local foi imediata: a sensação de invasão por um outsider carioca que fez carreira em São Paulo e que agora tenta surfar na onda de popularidade do ex-presidente.
Marco Antônio Costa não é um nome consolidado na política mineira, tampouco no próprio PL do estado. O incômodo do diretório local não é segredo. Para eles, a possível candidatura soa como imposição, sem respeitar quem já milita há décadas no partido. Alguns veem no gesto de Bolsonaro um ato de desconfiança: um nome nacional receberia carta branca, enquanto figuras históricas são preteridas.
Costa foi direto nas críticas. Apontou membros do PL em Minas como alinhados ao Centrão e apontou falta de coragem para enfrentar pressões políticas. Citou o exemplo de Sérgio Moro, sem esconder o desdém por quem faz alianças de ocasião. Essa postura não caiu bem: dirigentes disseram, reservadamente, que Costa não tem legitimidade para jogar pedras em quem carrega o partido nas costas no estado. Chamá-lo de 'forasteiro' virou quase rotina nos bastidores.
O episódio evidenciou fissuras profundas. Há quem ache que o partido precisa de nomes de fora para renovar e atrair votos, mas a maioria enxerga no gesto de Bolsonaro um risco de perder bases fiéis pela condução autoritária. A crítica pública de Costa aos pares locais só aumentou o ruído. Além disso, apesar de afirmar ter recebido a bênção de Bolsonaro e conselhos estratégicos, Costa não tem garantia de apoio definitivo do ex-presidente — uma incerteza que deixa a disputa ainda mais acirrada.
Enquanto isso, o gabinete de Bolsonaro prefere o silêncio, em total contraste com a verborragia de Costa. Mas nos corredores do partido o recado foi entendido: a busca pelo Senado Minas Gerais está aberta e promete embates intensos até 2026.
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