Quando Leniel Borel, engenheiro decidiu transformar o primeiro Dia das Crianças sem seu filho em um ato de lembrança e alerta, ele contou com o apoio de amigos, empresários e da própria comunidade do Recreio dos Bandeirantes. Na terça‑feira, 12 de outubro de 2021, dois outdoors foram acendidos próximo à Estação BRT Nova Barra, na Avenida das Américas, e na Avenida Guiomar Novaes, exibindo a foto de Henry Borel com o rosto e as mãos manchados de tinta azul e verde e o texto: "Dia das Crianças: o melhor presente é a proteção".
A homenagem de Leniel Borel no Dia das Crianças
Leniel usou também o Instagram para publicar uma mensagem extensa, quase como um desabafo. Ele escreveu: "Hoje é o primeiro Dia das crianças sem meu filhinho, e fico apenas com as lembranças da criança mais incrível que meu menininho é! Que a justiça seja feita pelo meu Henry e por todas as crianças que não estão mais conosco por causa de alguma violência. Se uma criança sofre maus‑tratos de quem deveria proteger, é responsabilidade também de quem está ao redor denunciar! Violência contra criança é covardia, é crime". O tom era simultaneamente doloroso e convocador: homenagear e, ao mesmo tempo, cobrar proteção.
O grupo de empresários que financiou os painéis, segundo o advogado Ailton Barros, havia consultado Leniel antes da ação e recebeu sua aprovação. "Foi um gesto coletivo, de quem conhece a dor e quer transformar em prevenção", declarou um dos patrocinadores, que preferiu não se identificar.
Contexto do caso Henry Borel
Para entender a carga emocional da campanha, é preciso lembrar o que aconteceu em 8 de março de 2021. Henry Borel, nascido em 3 de maio de 2016 na Barra da Tijuca, foi encontrado morto no apartamento onde vivia com a mãe Monique Borel e o padrasto, o ex‑vereador Jairo Souza dos Santos Junior, conhecido como Dr. Jairinho. Investigações do Ministério Público do Rio de Janeiro apontaram tortura e abuso grave praticados por Jairo, com conivência da mãe.
No último outubro, a primeira audiência de instrução e julgamentoTribunal de Justiça do Rio de Janeiro sobre o caso se realizou. Testemunhas da acusação, delegados e policiais que investigaram o crime depuseram. Leniel também prestou depoimento, descrevendo o sofrimento de seu filho e a sensação de impotência diante da violência.
Reação da comunidade e dos empresários
A resposta dos vizinhos foi imediata. Muitos relataram que o outdoor trouxe lágrimas, mas também um sentimento de urgência: "Não dá pra ficar de braços cruzados. Ver o rosto do Henry nos postes me fez lembrar que a violência pode estar bem ao lado", contou Ana Paula, moradora da mesma rua da estação BRT.
Empresários da região, liderados por Rafael Tavares, dono de uma rede de academias, destinaram parte do orçamento ao projeto após verem a dor do pai nas redes sociais. "É a nossa cidade, nossa responsabilidade. Se a gente não fala, quem vai falar?", afirmou.
Impacto na luta contra a violência infantil
O caso Henry Borel ganhou eco nacional e culminou na aprovação, em tempo recorde, da chamada Lei Henry Borel, que endurece penas para crimes contra crianças e estabelece protocolos de atendimento e remoção de menores em situação de risco. A lei foi sancionada em dezembro de 2021 e já está sendo aplicada em diversas cidades.
Além da legislação, Leniel fundou o Instituto Henry Borel, que oferece apoio multidisciplinar – psicologia, serviço social, psicopedagogia, advocacia, medicina e fisioterapia – às famílias que vivenciam violência doméstica. Em 2022, o instituto já recebeu mais de 200 solicitações de apoio, demonstrando que a tragédia transformou luto em ação.
Próximas etapas judiciais
A defesa de Jairo e Monique ficou programada para as audiências de 14 e 15 de dezembro de 2021, quando seriam ouvidas testemunhas de defesa. Até hoje, o processo segue em tramitação, com a expectativa de que o julgamento final ocorra ainda em 2023. Enquanto isso, o Ministério Público mantém procurações de investigação ativa e segue pressionando por medidas protetivas para os demais irmãos de Henry, caso existam.
Para quem ainda não conhece, o Rio de Janeiro oferece canais de denúncia como o Disque 100, que recebeu um aumento de 35% nas chamadas relacionadas a maus‑tratos infantis nos últimos seis meses – número divulgado pela Secretaria de Estado de Políticas para Crianças e Adolescentes.
- Data da homenagem: 12/10/2021
- Local dos outdoors: Recreio dos Bandeirantes (Estação BRT Nova Barra e Avenida Guiomar Novaes)
- Mensagem veiculada: "Dia das Crianças: o melhor presente é a proteção"
- Audiência de instrução: 07/10/2021, Tribunal de Justiça do RJ
- Lei Henry Borel sancionada: dezembro de 2021
Perguntas Frequentes
Como a homenagem de Leniel Borel foi recebida pela comunidade?
A população do Recreio reagiu com emoção e solidariedade. Muitos moradores relataram que o outdoor provocou lágrimas, mas também despertou um senso de urgência para denunciar casos de violência infantil. O gesto foi visto como um lembrete visual da necessidade de proteção das crianças.
O que motivou a instalação dos outdoors?
Os painéis surgiram a partir de um grupo de empresários e amigos que, ao saber da mensagem de Leniel nas redes sociais, decidiram financiar a homenagem. O objetivo era preservar a memória de Henry e ao mesmo tempo transformar a lembrança em um alerta sobre a importância da proteção infantil.
Qual é o estágio atual do processo judicial contra Jairo Souza dos Santos Junior e Monique?
Após a primeira audiência de instrução em outubro de 2021, as defesas foram chamadas para depor nos dias 14 e 15 de dezembro do mesmo ano. O julgamento final ainda não ocorreu, mas o Ministério Público mantém a investigação ativa e pressiona por medidas protetivas para eventuais irmãos de Henry.
Quais medidas foram criadas a partir do caso Henry Borel?
A principal resposta legislativa foi a Lei Henry Borel, sancionada em dezembro de 2021, que aumenta penas para crimes contra crianças e estabelece protocolos de remoção e atendimento. Além disso, o Instituto Henry Borel foi criado para oferecer apoio multidisciplinar a famílias vítimas de violência doméstica.
Como o Instituto Henry Borel atua na proteção infantil?
O instituto presta atendimento psicológico, jurídico e social a crianças e responsáveis em situação de risco. Em 2022, foram atendidos mais de 200 casos, com encaminhamentos para remoção de menores de ambientes abusivos e suporte terapêutico para as famílias.
19 Comentários
Camila Medeiros 12 outubro 2025
A homenagem toca profundamente quem acompanha essa luta.
Carlyle Nascimento Campos 15 outubro 2025
É inadmissível que ainda tenhamos que lembrar de casos como o de Henry Borel em anúncios de Dia das Crianças! A sociedade inteira precisa acordar, parar de fechar os olhos e cobrar ação imediata! Não basta colocar outdoors, é preciso garantir proteção real nas escolas, nas casas! A lei que foi sancionada é um passo, mas sua implementação ainda está longe de ser efetiva! Quantas crianças ainda sofrerão antes que o Estado responda? Os responsáveis pelos abusos devem ser punidos com duras penas, sem qualquer brecha legal! É revoltante ver o sistema arrastar processos, como se a vida de uma criança fosse tão pouca! Os empresários que financiaram os painéis fizeram bem, mas isso não exime o poder público de agir! O apoio psicológico oferecido pelo Instituto é essencial, mas não substitui a prevenção! Precisamos de mais campanhas, mais educação, mais fiscalização nas casas! A população tem que se mobilizar, denunciar, não esperar que os culpados se entreguem por vontade própria! A mídia também tem responsabilidade, não pode tratar isso como mera curiosidade! Os juízes precisam ser firmes, não ceder a pressões externas ou à agenda política! A justiça não pode ser lenta; cada dia de atraso é uma eternidade para as famílias enlutadas! Os políticos que ainda defendem a impunidade devem ser postos em julgamento! Vamos transformar a dor em mudança concreta, antes que outra família sofra!
Igor Franzini 18 outubro 2025
A iniciativa dos outdoors realmente fez o povo parar pra pensar na segurança das crianças. É triste ver que ainda tem gente que acha que tudo vai ficar bem sem nenhuma acão concreta. Precisamos de politicas públicas que cheguem até os bairros e não só anúncios nas avenidas. O caso do Henry mostrou o quanto a justiça pode ser lenta, mas também mostrou que a voz da população tem força. Vamos continuar pressionando pra que esses projetos não fiquem só no papel.
Workshop Factor 20 outubro 2025
Os outdoors são apenas fachada, máscara superficial para encobrir a inércia institucional que persiste há décadas. É imperativo questionar quem realmente se beneficia quando a mídia exibe imagens com lágrimas e promessas vazias. O poder econômico que finança essas campanhas costuma fugir da responsabilidade de mudar os mecanismos de proteção. Ao analisar os dados, percebemos que a incidência de violência contra menores não diminuiu significativamente após a Lei Henry Borel. Os números apontam que o aumento de denúncias é reflexo de maior conscientização, mas não de redução efetiva dos casos. Portanto, o ato simbólico, embora bem intencionado, pode servir como paliativo que desvia a atenção de reformas estruturais. A comunidade precisa de investigações rigorosas, auditorias nos programas públicos e fiscalização autônoma. É necessário que o Tribunal de Justiça cumpra seus prazos, senão perpetua-se a sensação de impunidade. Não basta colocar a foto de Henry nos postes; é preciso garantir que nenhuma outra família passe pelo mesmo sofrimento. A responsabilidade deve recair tanto sobre o agressor quanto sobre o Estado que falhou em proteger. Em suma, a iniciativa dos outdoors deve ser acompanhada de políticas de prevenção, acompanhamento psicológico e monitoramento constante. Caso contrário, corremos o risco de transformar memória em espetáculo vazio.
Pedro Grossi 23 outubro 2025
Concordo plenamente, a falta de políticas públicas efetivas ainda é um desafio enorme. É essencial que o poder público chegue até os bairros, não só nas avenidas principais. O apoio do Instituto Henry Borel tem sido crucial, mas precisamos de mais recursos e estrutura. Cê pode contar com a comunidade para cobrar mudanças. Vamos continuar pressionando juntos, não podemos deixar a dor virar indiferença.
sathira silva 26 outubro 2025
É de partir o coração ver como a burocracia sufoca iniciativas verdadeiras! A dor das famílias não pode ser reduzida a luzes de LED nas avenidas. Precisamos de coragem para enfrentar o sistema que se auto preserva. Cada denúncia ignorada é mais um grito silenciado. A luta continua, e não pode ser em vão.
yara qhtani 28 outubro 2025
O impacto sociocultural da campanha evidencia a necessidade de intervenções intersetoriais, integrando assistência social, saúde e educação. Ao analisar o referencial teórico, constata‑se que a comunicação visual pode atuar como catalisador de mudanças comportamentais. Contudo, a eficácia depende da aderência das políticas públicas ao contexto local, evitando a superficialidade que tanto critica a academia. Recomenda‑se, portanto, o monitoramento longitudinal para avaliar indicadores de proteção infantil.
Luciano Silveira 31 outubro 2025
Caramba, que gesto incrível, realmente mexeu comigo, e acho que mexeu em muita gente também! 😊 Acredito que a comunidade vai se unir ainda mais, porque quando a gente vê algo tão forte assim, o coração fala mais alto! Vamos seguir firmes, cada ação conta, cada voz ecoa! 🙌
Carolinne Reis 2 novembro 2025
Ah, então agora a gente tem outdoors, parabéns, aplaudam os patifes que sempre fizeram o quê, né? 😂 Enquanto isso, o governo ainda enrola, não faz nada, deixa a gente na mão! É claro que a imprensa vive de sensacionalismo, só quer destaque, nada de ação! E ainda tem gente que acha que isso resolve tudo, como se fosse solução mágica! Mas enfim, continue assim, quem sabe um dia chega a hora de mudar de verdade.
Marcus Rodriguez 5 novembro 2025
Mais do mesmo, teatro barato, nada de mudança real.
Reporter Edna Santos 8 novembro 2025
Uau, que homenagem! 😢 A coragem de Leniel transformou dor em ação, inspirando milhares! 🌟 A Lei Henry Borel já está salvando vidas, e o Instituto segue firme, oferecendo apoio essencial! 🙏 Continuemos vigilantes, denunciando cada caso, porque a proteção das crianças é prioridade! 💪💙
João e Fabiana Nascimento 10 novembro 2025
Agradeço a exposição detalhada dos fatos, reconheço a relevância da Lei Henry Borel no panorama jurídico nacional. Destaco a importância de avaliações periódicas para assegurar a efetividade das medidas previstas. Recomendo a continuidade do monitoramento dos indicadores de proteção infantil. Saúdo o trabalho do Instituto Henry Borel, que oferece suporte multidisciplinar às famílias.
joao teixeira 13 novembro 2025
É evidente que por trás dessa campanha há interesses ocultos, talvez grupos que buscam capitalizar a dor alheia. Observa‑se que a mídia amplifica o caso para gerar cliques, enquanto as políticas reais ficam estagnadas. Existem indícios de que alguns empresários veem nisso uma forma de lavar a imagem, desviando a atenção de outras práticas questionáveis. A população precisa abrir os olhos para a manipulação sutil que ocorre nas sombras. Enquanto não houver transparência total, a confiança continuará abalada.
Rodolfo Nascimento 15 novembro 2025
Esses outdoors são puro marketing de boa vontade, mas deixam de abordar a raiz do problema. A impunidade ainda reina, e a justiça demora a agir. Não basta exibir fotos, é preciso ação concreta, senão tudo não passa de espetáculo. 😒
Júlia Rodrigues 18 novembro 2025
Esse tipo de propaganda não resolve nada, é só mais uma demonstração de patriotismo vazio. Preciso ver ações reais do governo.
Marcela Sonim 21 novembro 2025
Olha, se você ainda acredita que outdoors são solução, está muito enganado. 🤷♀️ A mudança vem de políticas sérias, não de cartazes. 👎
Jaqueline Dias 23 novembro 2025
Considero que a discussão deveria focar em dados concretos, evitando sensacionalismo. Agradeço a todos que contribuem de forma construtiva. Vamos manter o debate civilizado e produtivo.
Gustavo Manzalli 26 novembro 2025
Essa iniciativa realmente brilha, trazendo luz onde antes havia sombra. É um exemplo vívido de como arte urbana pode provocar reflexão profunda. Continuemos a apoiar projetos que unem beleza e propósito.
Vania Rodrigues 28 novembro 2025
Embora muitos elogiem a campanha, ainda há muita gente que questiona sua eficácia real. 🤔