Em 23 de setembro de 2025, Claudia Cardinale acabou seus 87 anos ao lado da família, em Nemours, na região de Île-de-France, na França. A notícia já estava circulando nos principais veículos de imprensa, e a reação foi imediata: atores, diretores e críticos de cinema se mobilizaram para lembrar a mulher que, por mais de seis décadas, esteve no centro da sétima arte.
Carreira e marcos
Claudia nasceu em 15 de abril de 1938 na Tunísia, então parte da colônia francesa. Seu salto para a fama aconteceu nos anos 60, quando papéis em "O Pagador de Promessas", "Rififi" e, sobretudo, "O Leopardo" (direção de Luchino Visconti) a consagraram como ícone do cinema italiano. A combinação de beleza marcante e presença de palco a fez ser comparada a outras divas da época, mas sua capacidade de transitar entre drama, comédia e thriller a diferenciou.
Ao longo da trajetória, trabalhou com diretores como Federico Fellini, Michelangelo Antonioni, Sergio Leone e Costa-Gavras. Entre os filmes mais lembrados estão:
- "O Leopardo" (1963) – drama histórico que lhe rendeu reconhecimento internacional.
- "A Grande Olho Vermelho" (1965) – parceria com Satyajit Ray, evidenciando sua versatilidade.
- "O Bom, o Mau e o Feio" (1966) – clássico spaghetti western que a inseriu no imaginário do público global.
- "Matrigolândia" (1972) – comédia que mostrou o lado mais leve da atriz.
- "Bulle" (2020) – minissérie suíça que marcou seu retorno às telinhas.
- "Rogue City" (2020) – filme da Netflix que, no final de semana de estreia, ficou entre os dois mais assistidos na plataforma.
Mesmo com o envelhecimento, a atriz nunca abandonou o ofício. Enquanto muitos colegas optavam por carreiras alternativas, Claudia mantinha o cronograma de gravações, o que lhe garantiu relevância nas discussões sobre papéis femininos fortes em produções contemporâneas.

Legado e homenagens
A morte de Cardinale desencadeou uma avalanche de mensagens nas redes sociais. A atriz italiana Monica Bellucci descreveu a perda como "o fim de uma era", enquanto o cineasta Pedro Almodóvar lembrou a "elegância atemporal" que ela trouxe a cada personagem. Festivais de cinema ao redor do mundo, de Cannes a Veneza, incluíram retrospectivas de sua filmografia em programação especial.
Além das mensagens públicas, várias instituições culturais decidiram dedicar sessões de cinema gratuito para estudantes, destacando filmes que marcaram a história do cinema europeu. Essa iniciativa visa preservar a memória de Cardinale como ponte entre a sétima arte clássica e as novas gerações.
Seu percurso também ficou marcado por batalhas pessoais. Nos primeiros anos, enfrentou contratos rígidos que limitavam sua liberdade artística, mas conseguiu renegociar cláusulas e se tornar uma das poucas atrizes a controlar sua própria carreira. Essa luta abriu caminho para que outras artistas europeias reivindicassem autonomia nos bastidores.
Mesmo após o falecimento, o nome de Claudia Cardinale continua a ecoar nas salas de cinema e nas discussões sobre a evolução das mulheres na indústria audiovisual. Seu legado permanece vivo, inspirando novos talentos a criar histórias que transcendam fronteiras e tempo.